Terça, 07 de Outubro de 2025
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) alertou para um possível aumento de até 15% nos preços do café nos próximos dias. Em entrevista coletiva, o presidente da entidade, Pavel Cardoso, informou que o acréscimo será repassado aos supermercados devido ao aumento dos custos com a compra da matéria-prima.
No entanto, Pavel Cardoso destacou que o reajuste não deve ser superior à média do ano.
O diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, adiantou que o novo preço já foi comunicado ao varejo no início do mês. Ele acredita que os preços com o repasse de 10% a 15% estarão nas prateleiras a partir da próxima semana ou no início do mês seguinte.
A alta dos preços do café em 2025 causou uma retração no consumo do produto no mercado brasileiro. Segundo dados da Abic, houve queda de 5,41% nas vendas de café no mercado brasileiro entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As vendas caíram de 10,11 milhões de sacas para 9,56 milhões de sacas.
A Abic reconhece que a alta nos preços foi expressiva, com alguns tipos de café, como o solúvel, acumulando aumentos de até 50,59%.
Apesar da volatilidade nos preços e da retração no consumo, a Abic espera fechar 2025 com um patamar semelhante ao do ano anterior.
Pavel Cardoso projeta um comportamento surpreendente para o fechamento do ano, com base nos dados de setembro, indicando possíveis boas notícias em relação ao consumo.
A indústria brasileira de café também enfrenta incertezas em relação às sobretaxas às exportações do grão para os Estados Unidos. O Brasil é o maior fornecedor de café aos norte-americanos, que aumentaram as tarifas contra produtos brasileiros, como forma de pressão contra o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Segundo Pavel Cardoso, a ordem executiva do governo dos Estados Unidos indica que o café, não sendo produzido no país, não terá tarifas. No entanto, ainda não há clareza se a tarifa voltará a zero ou continuará em 10%.
O setor avaliou como positiva a possibilidade de uma reunião entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana. Pavel Cardoso ressaltou que o café e o complexo de carnes são sensíveis em relação à inflação americana.
Um estudo do Cepea/Esalq-USP apontou que, entre 15 e 22 de setembro, o preço do café arábica tipo 6 caiu 10,2% em São Paulo, enquanto o do café robusta recuou 11,1%.
A redução foi resultado da expectativa de chuvas nas regiões produtoras, da realização de lucros e da liquidação de posições de compra na Bolsa de Nova York, além da possibilidade de retirada das tarifas dos Estados Unidos sobre o café.