Quarta, 17 de Setembro de 2025

Queda de Avião da Voepass: Fadiga da Tripulação Contribuiu, Aponta MTE

Relatório revela escalas exaustivas e falta de controle da jornada de trabalho, levando a multas e questionamentos sobre a segurança da empresa.

17/09/2025 às 01:39
Por: Redação

Um relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indica que a fadiga dos pilotos pode ter sido um fator contribuinte para o trágico acidente com o avião da Voepass/Passaredo, ocorrido em 9 de agosto de 2024, resultando na perda de 58 passageiros e quatro tripulantes.

De acordo com o relatório, as escalas de trabalho da tripulação não ofereciam tempo de descanso adequado, o que potencialmente levou a erros humanos devido ao cansaço excessivo.

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"A conclusão foi que a empresa montou escalas que reduziram o tempo de descanso da tripulação, o que pode ter causado cansaço em um nível capaz de prejudicar a concentração e o tempo de reação dos profissionais. Esse fator, somado a outras possíveis causas, pode ter contribuído para o acidente com o voo 2283", diz o documento.

A auditoria também revelou que a empresa não monitorava efetivamente a jornada de trabalho de seus funcionários, descumprindo os períodos de descanso estipulados na Lei dos Aeronautas e infringindo as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho relacionadas à prevenção da fadiga.

Em decorrência dessas irregularidades, os fiscais emitiram dez autos de infração, totalizando multas de aproximadamente R$ 730 mil. A Voepass/Passaredo também foi notificada por um débito de mais de R$ 1 milhão referente ao Fundo de Garantia dos trabalhadores. As infrações estão sujeitas a recurso.

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) já havia cassado a certificação de operação da empresa em junho deste ano, após suspender suas operações aéreas em março. A empresa também entrou com pedido de recuperação judicial em abril de 2025.

A reportagem tentou contato com a Voepass para obter um posicionamento sobre o relatório, mas não obteve resposta.